Ontem ditigi-me ao teatro-cine Covilhã para ver uma peça de teatro que dava pelo nome de "A Bruxa era Muito Bonita". Surpreendido, fui confrontado com um espectáculo de dança contemporânea. Posso dizer que a sessão provida pelo grupo Asta foi simultaneamente bizarra e interessante. No início, pensei que fosse infantil, pelo facto de a dita "peça" ter início na própria plateia, com os movimentos corporais de uma rapariga (única personagem) ao som de música ambiente. Não me dava ainda conta que a acção ia progredir para o próprio palco, após uma frase em castelhano do tipo "Sinto-me viva, porque todos me protegem", onde porções de tecido caiam do tecto, assim como cadeiras, e onde estava projectada a imagem de um rosto feminino que mexia os olhos e a boca, também ao som da música. A rapariga foi-se despindo ao longo de toda a sessão, tendo esta cariz ao mesmo tempo erótico. Os seus lábios estavam tapados com um autocolante com forma/cor de boca, que iria ser retirado mais tarde, assim como as rosas que escondia dentro dela e debaixo da saia (creio que simbolizavam a menstruação, passagem da infância para a fase adulta e para o mundo da razão; a libertação da opressão e da inconsciência). A actriz fez imensa ginástica que acompanhava a faixa sonora, trepando pelo tecido e cadeiras penduradas, baloiçando-se e revirando-se. Na fase final, sentou-s por cima de uma cadeira de plateia, de costas voltadas para o público e tirou a camisola, ficando nuaa e projectandp-se a imagem da mesma diva da tela do palco, agora também com um autocolante como a rapariga e também nos olhos. Retirou-os...o que ela fazia era independente do que a imagem projectada no palco fazia... A peça acabou quando a actriz se voltou para o público e as luzes se apagam, impedindo o visionamento dos seus seios.
A peça tomou como ponto de partida a poética da escitora uruguaia Marosa Di Giorgio: "Desconheço o caminho para expressar em movimento aquilo que me seduz no mundo dos instintos, a maneira em como dissolve as distâncias entre as palavras e as coisas, a relação entre as espécies vegetal, animal, humana, sempre sexual, sem juízos morais; e assim também me atrevo a interpretar a sua poesia."
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