sábado, 19 de julho de 2008

Optimus Alive!08: Epílogo

Após uma semana sem muito tempo para publicar um artigo sobre o festival, aqui deixo o testemunho na primeira pessoa, com alguns vídeos. Foi de facto até agora o melhor festival de Verão de 2008 e com certeza o mais intenso e original. Dia 10
Spiritualized

Embora fosse um dos poucos fãs que estava ali também por eles, não posso deixar de classificar o concerto magnífico. Foi curto e eficaz. Com pouco tempo, a banda de Jason Pierce trouxe até nós desde a clássica "Shine A Light" até à recente "You Lie You Cheat", faixa que abriu o evento. A apresentação do novo álbum fez-se rogar por músicas como "Sweet Talk", "Soul On Fire" e "Sitting On Fire". Do passado chega-nos "Come Together", "Cheapster" e "She Kissed Me (It Felt Like a Hit)". Sendo uma banda cujo som etéreo provindo do feedback e do coro negro se perde nas malhas do shoegaze, os Spiritualized terminaram com uma espectacular demonstração experimental e psicadélica que captou a atenção dos mais desinteressados. Só lamento ter sido de dia, pois os shows de luzes destes rapazes tornam tudo diferente. Como não podia deixar de ser, todos os instrumentos estavam marcados com a cruz verde da farmácia, que tanto caracteriza o simbolismo e imaginário destes britânicos.

The National

Algo de muito especial aconteceu neste concerto para mim. Enviei uma carta aos senhores pela distribuidora oficial da banda em Portugal. O Matt Berninger a meio do concerto, pára e tira a carta do bolso, procurando no público por mim, o remetente: "Is Mr. Rodrigues up there?". Quando a minha presença é assinalada, o barítono agradece a carta e prossegue o espectáculo com "Mistaken for Strangers", a música que referi como minha favorita. Quando desce à plateia em "Mr. November", abraça-me como um amigo. Inesquecível.

The Hives

Não se poderia imaginar um espectáculo onde houvesse mais interacção com o público. O destaque vai para Pelle Almqvist, o vocalista que é verdadeiro animal em palco. No bom sentido claro. Este rapaz consegue fazer rir os mais irrasciveis fãs das outras bandas. Apelando aos gritos e ao apoio pelo público, a banda da Noruega consegue sempre impressionar. A certa altura conseguíamos ouvir os gritos das mulheres alternados com os dos homens, os apoios à banda e ao rock n' roll cada vez mais altos estimulados pelos artistas, os saltos e as palavras de ordem das letras dos refrões principais que facilmente eram assimilados. Pelle imergiu no público várias vezes e o resto da banda ajudou sempre à festa. Os saltos e movimentos em fatinho marcaram mais que nunca a sua originalidade. O momento mais cómico foi sem dúvida quando fãs cansados dos RATM disseram "Fuck You" acompanhado do gesto. O vocalista não se deixou impresionar pela atitude e disse "Sorry, but if you want to fuck me, only at the backstage, here I can't...but at backstage I'll fuck you up".
Dia 11
Kumpania Algazarra

John Butler Trio

Sem dúvida fantástico. John Butler provou que é mesmo um dos melhores guitarristas do mundo. Com uma semi-acústica consegue fazer tudo o imaginável. O destaque vai também para Michael Barker, o baterista que fez um primoroso solo de bateria em que participou o próprio Butler e o contrabaixista. Beneficiados pela ausência dos Nouvelle Vague, os australianos aproveitaram para oferecer um concerto esmagador, onde inclusivamente puderam fazer crítica à música que passa na MTV actualmente.

Bob Dylan

A lenda folk esteve de facto cá. Para alguns, um concerto brilhante, para outros, um horroroso. Eu pertenço ao primeiro grupo. Avisado pelo álbum Modern Times, eu saberia já que o senhor estaria sentado o tempo todo, com voz mais rouca e envelhecida e nas teclas/harmónica. Assim, posso afirmar que vibrei ao som de canções que têm ja o dobro de anos da minha existência, assimilando o som da excelente banda por quems e fazia acompanhar. Clássicos como "Rainy Day Women #12 & 35", "Like a Rolling Stone", "Desolation Row" ou "Ballad of a Thin Man" intercalaram-se com os recentes "Thunder on the Mountain" e "Ain't Talkin'".
Dia 12
Xavier Rudd

A magnificiência estonteante da percussão foi a característica principal. A capacidade do senhor fazer coisas tão diversas como tocar bateria, guitarra em slide, harmónica e digeridoo anagariou novos fãs e satisfez os que já tinha.

Donavon Frankenreiter

Com bastante interacção também, o californiano deu um concerto muito adequado para o final de tarde. Ainda cantei pelo microfone do dito cujo, atirado duas vezes para a multidão.

Neil Young


A meu ver, o melhor concerto do festival. AO contrário de Dylan, Neil Young, com os seus 62 anos, arrasou literalmente a audiência. O palco era majestoso e ao mesmo tempo íntimo. Tratava-se de uma reconstituição de um cenário dos anos 60/70, em que amplificadores velhos empilhados ocupavam o maior espaço, preenchido também por molduras de fotografia, estátuas de índios manufacturadas, pianos antigos, pássaros de madeira e um órgão imponente. A cada música, um artista plástico pintava uma tela onde iria também escrever o nome da música seguinte, que seria então posta num cavalete para o público ter noção de que faixa se tratava. O senhor e a sua banda demosntraram o que a palavra ROCK queria dizer, remontando às suas origens que serão concerteza intemporais. Desde "Love and Only Love", "Oh Lonesome Me", "Rockin' in the Free World", "The Needle and the Damage Done", "Mother Earth" (a belíssima incursão de Neil no órgão e na harmónica), "Heart Of Gold", "Old Man", "Get Back to the Country", "Cortez The Killer" à espectacular "No Hidden Path", que teve a dura
ção de aproximadamente 25 minutos, o canadiano impressionou tudo e todos. Terminando com o quebrar das cordas da guitarra e a iluminação das letras N E I L no fundo do palco, apresentou a banda e a mulher, retirando-se, não por muito tempo, dado que fez um encore, com "A Day in The Life", dos Beatles. Memorável

Ben Harper + Donavon Frankenreiter

Donavon voltou ao público para um dueto com Ben.

Ben Harper

Ben foi o artista mais acarinhado pelo povo português. Agradeceu todos os gestos de ternura e inclusivamente colocou a assistência a cantar a música em português que partilhava com Vanessa da Mata. Todos os elementos dos Innocent Criminals tiveram o seu momento, fazendo solos muito bons nos seus intrumentos. Harper tocou ainda em slide e pôde interagir com o eufórico público.

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