sábado, 8 de novembro de 2008

Nouvelle Vague "s'il vous plaît"


O regresso dos Nouvelle Vague a Portugal após faltarem ao Optimus Alive!08 aconteceu ontem no Campo Pequeno, num concerto não só colossal como mágico.

Tudo começou com o projecto de Mélanie Pain, principal cantora do colectivo francês, a solo, com a ajuda do colega de banda Paul na guitarra e teclados. Uma bela introdução, que contou não só com a boa e doce disposição da cantora, que aparentava fazer parte de uma fotografia parisiense dos meados do século XX com o seu vestido de fille française, mas também com sons de discos de vinil de onde soavam florestas nocturnas, fantasia, mistério, misturados com o impressionismo da Gália.

Após e primeira parte, os Nouvelle Vague propriamente ditos entraram na arena de touros para apresentar as duas novas cantoras: Nadeah Miranda e Marianne Elise. Teve início com duas adaptações dos Cure "One Hundred Years" e "A Forest" e logo aí foi vista a interacção entre as duas e com o público, que se manteve constante nas suas actuações ao longo da noite. O espectáculo teve como base essencial os álbuns "Bande Á Parte" e "Nouvelle Vague", com apenas algumas incursões suaves a "Late Night Tales". Nadeah Miranda foi a surpresa da noite, no seu vestido curtíssimo, despenteada, descalça e extremamente sedutora, tinha uma pose eléctrica que não largou nem um segundo. Saltos, danças, expressão corporal mecânica e até vampiresca (como em "Bela Lugosi's Dead" dos Bauhaus), movimentos bruscos, deitar água no público, gritar com ele para incentivá-lo e até mesmo imergir nele (em "Too Drunk To Fuck" dos Dead Kennedys o show mudou de rumo para o extremo ritmo alucinante, entusiasmando-se a vocalista e deitando-se para cima da plateia literalmente). Gérald Toto também dominou grande parte do concerto, transformando canções como "Heart of Glass" dos Blondie e "Relax" em mornas canções latinizadas. A canção mais acarinhada pelo público português foi sem dúvida "Love Will Tear Us Apart" dos Joy Division, cantando-se o refrão sem medo e até durante a ausência da banda antes dos encores, que foram 3. O meu momento da noite foi "Dance With Me", canção de marca da banda que é marcada à semelhança de muitas outras, pela beleza da melódica de Paul, instrumento usado por excelência cada vez por eles. Marc Collin e Olivier Libaux, fundadores do colectivo, tiveram presença constante na guitarra e no teclado, assim como o contrabaixista e baterista convidados. Os New Order foram bem representados por "Bizarre Love Triangle" e "Blue Monday", tocando-se outros grandes êxitos como a inesperada e calmíssima adaptação "God Save the Queen" dos Sex Pistols por Mélanie e Israel de "Siouxsie & the Banshees". Com mais de 2.30h de espectáculo os Nouvelle Vague demostraram não ser "só mais uma daquelas bandas de covers", primando pela originalidade, inovação, sofisticação, mas principalmente pela ligação a um passado próprio e que influenciou e influencia várias gerações pelo mundo fora.

Antes da despedida definitiva foi anunciado por Nadeah que o outro projecto de Marc Collin - Hollywood Mon Amour - irá dar um concerto grátis no Casino de Lisboa dia 17 de Novembro pelas 22:30h.

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