segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Kaiser Chiefs ou uma explosão?

Era uma dia cinzento, frio e normal nesta época do ano. Resmas de fãs aguardavam desde o almoço na entrada do Coliseu dos Recreios. A maior parte esam adolescentes, até que a meio da tarde começou a chegar gente de todas as idades. Muitos dos que ali estavam eram já devotos dos Kaiser Chiefs desde o seu começo no início da década, outros tinham simplesmente sido conquistados no Rock in Rio. A premissa era a mesma: ver a explosiva banda de Leeds actuar em solo lisboeta. Após uma conflituosa primeira parte a cargo dos impronunciáveis escoceses Dananananakroyd, que fizeram todos abraçar-se e compactar-se até ao limite, as luzes apagam-se e começa a soar a introdução da digressão de Off With Their Heads, último registo dos Kaiser Chiefs. Recebidos com extrema euforia, iniciam aquele que iria ficar marcado como o primeiro grande espectáculo do ano com "Spanish Metal". De seguida vêm os êxitos "Everyday I Love You Less and Less", responsável pelo conhecimento da banda pelo público aquando da edição de Employment e "Everything Is Average Nowadays". Ricky Wilson saúda o povo e brinca um pouco. A aventura por Yours Truly, Angry Mob continua com "Heat Dies Down". Anunciando uma composição mais recente, "You Want History" é tocada com euforia e precisão, avisando com a sua letra os fãs que os Kaiser Chiefs tão cedo não deixam a temática socio-laboral, cultural e romântico-satírica. Numa altura em que todos já estão suficientemente quentes, tem início a gingona "Ruby", com direito a palco iluminado de vermelho, assim como as cortinas do Coliseu. Dos clássicos salientam-se "I Predict a Riot", "The Angry Mob", "Modern Way" e "Na na na na naa". Relembrando a sua estadia em Portugal há três dias, Ricky Wilson afirma que "There were three good days", tendo início o último single "Good Days, Bad Days". "Never Miss a Beat" teve direito a um coro ainda mais saliente que nas outras músicas, confirmando-se a devoção lusitana pelo novo álbum e sendo "Half the Truth" e "Can't Say What I Mean" igualmente bajuladas. Para mim a noite teve dois grandes pontos altos. O primeiro foi "Take My Temperature", que faz parte de um EP lançado pela banda no Japão, teve toques experimentais no meio e levou o público ao rubro, não só com as acrobacias de Ricky e o seu comando das reacções do público com gestos, mas pela atmosfera alucinante criada pela própria composição instrumental e lírica - elevou de facto a temperatura -. O segundo foi com "Tomato in the Rain", novo tema que os ingleses ainda não tinham tocado ao vivo e que aguardavam com ansiedade pela reacção do público. Esta é a música que conseguiu provar que é possível misturar características dos anos 60, 70, 80 e 00 numa só composição e o melhor de tudo é ver que realmente há quem aprecie este resultado tão bem conseguido. O facto de ser uma fusão de balada com toques de experimentalismo fez o público embrenhar numa onda mais afectiva e belançar-se ao som da letra melancólica, mas como sempre, com aspectos brincalhões. Pode dizer-se que segundo a reacção do público, esta passará a fazer parte das setlists oficiais. O final fez-se com o sucesso de "Oh My God", uma das pioneiras canções dos Kaiser Chiefs, que teve direito a alterações a nivel experimental e uma grande duração, o que levou o público ao êxtase, experimentando mais uma vez aquela que seria a alegria final do momento. Anunciando ao microfone durante a música, Ricky gritou o nome da banda com orgulho e informou que estariam de volta a Portugal no Verão. Durante todo o concerto, não houve um só momento que Wilson não parasse quieto. Desde saltos acrobáticos e mortais a incursões pela plateia, passando por batidas, dança e frenesim, o vocalista conquistou ainda mais os portugueses, o mesmo se podendo dizer de Andrew White, Nick Hogson, Simon Rix ou Peanut, que embora menos mexidos, foram vitais para todo o o espectáculo. Houve inclusivamente um parte em que alguém relacionado com Peanut (um tal de Chris) teve direito aos parabéns, pois fazia anos naquele dia. Assim sendo, pode inferir-se que a diferença entre uma explosão e os Kaiser Chiefs em palco está no pulsar humano e na alegria eléctrica e louca das músicas e... deles próprios!

1 comentário:

Parrovski disse...

Só foi pena não terem tocado "Addicted To Drugs". Valeu a pena, já os tinha visto na primeira parte dos U2 e desde aí estão bastante melhores.