quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Kings of Convenience: O frio quente


Já não é Verão, ainda que as noites não sejam assim tão frias. Anoite de ontem não foi particularmente fria e para complementar, um som quente vindo da Noruega tirou quaisquer dúvidas. Tratava-se dos Kings of Convenience, de volta pela quarta vez a Lisboa. Erlend Øye fez-se aparecer em primeiro lugar para apresentar a chilena Javiera Mena, que dizia ser a única artista a cantar castelhano que apreciava. De facto as melodias tocadas em piano de Mena eram muito agradáveis e retiravam os entraves da língua dos hermanos. À hora prevista, Eirik Bøe junta-se ao compincha e ambos começam a entoar os sons simplistas e melancólicos de "My Ship Isnt Pretty", do último álbum Declaration of Dependence. Entre algumas brincadeiras seguiram para "24-25" e fizeram até os mais bem-dispostos suspirar de emoção por tamanha beleza. Foi referido o apreço da banda pelo país, que fora de clichés, se provou ser verdadeiro, uma vez que a dupla agradecia imenso o facto de em 2001 "Lisboa estar atenta a bandas inexperientes da Noruega". Assim, já tocaram mais vezes na capital portuguesa que em Oslo, capital do seu país, ou Madrid, capital de Espaha. Declaration of Dependence foi de facto o objecto mais explorado da noite, passando-se revista a temas como "Power of Not Knowing", "Second to Numb", "Me In You" ou "Freedom And Its Owner". Contudo, "Mrs Cold", "Renegade" e clássicos como "Stay Out Of Trouble" e "Toxic Girl" requiseram a ajuda do contrabaixo/baixo e violino, tocado respectivamente por David Bertolini e Tobias Hett. Obviamente, a saudosa "Homesick" e composições de Riot On As Empty Street tais como "Love Is No Big Truth" e "Know How" e de "Quiet Is The New Loud" como "Singing Softly To Me" ou "I Don't Know what I Can Save You From" não foram esquecida e depontaram palmas e estalinhos nos dedos, que desde já a banda apreciou, impondo-os como lei. Erlend aproveitava para fazer piadas sobre a velocidade do som e a distância das palmas, enquanto Eirik se ria discretamente e tentava meter juízo na cabeça do companheiro. O alto ruivo saiu ainda do palco para a plateia para cantar "Singing Softly To Me", regressando para dar os toques de piano que eram necessários. Na altura em que os fotógrafos entraram ele apontou para o pescoço executando um gesto de ameaça, ao qual estes ficaram indiferentes. Foi aí que Eirik perguntou "Chegou o momento das fotografias?", apressando-se os Kings of Convinience e os elementos ajudantes a fazer poses enquanto NÃO tocavam nem cantavam, o que despertou gargalhada geral. Após este momento, Erlend demonstrou-se aborrecido por continuaram a apontar câmaras na sua direcção, afirmando não se sentir nada confortável, palavras que mais tarde iriam requerer um pedido de desculpas da parte de Eirik.
Foi a partir de "Rule My World" que tudo mudou: os artistas convidaram todos a levantarem-se e a dançar. A nova versão da música ao vivo era simplesmente magnífica, ganhando vida para lá de qualquer leitor de música. Seguiu-se "Misread", quele meio-jazz, meia-bossa, meio-folk, meio-classic rock que os catapultou para a fama global. Após esta excitante fase, convidaram duas dezenas de pessoas para o palco para a performance da novíssima "Boat Behind", fazendo-se jogos de luzes e de vozes com o público. Já em "I'd Rather Dance With You", Erlend fez um concurso de dança com aqueles que estavam no palco, proporcionando mais um divertido momento.
O encore foi iniciado já em condições normais pela música "Corcovado" de Tom Jobim, que Eirik canta num português quase perfeito, intervindo Erlend com a sua execução em voz de um saxofone. Seguiu-se "Cayman Islands", cantada praticamente em grupo e a surpresa de enceramento da noite: "Little Kids", tocada pelos quatro com um grande ritmo...tão grande que a sua semelhança ao genérico de "A Pantera Cor-de-rosa" se tornou ainda mais evidente e Erlend fez a sua representação do felino.

Do concerto saíram caras de felicidade. Após uma noite tão perfeita, a única coisa que custava era mesmo saber que só daqui a muito tempo estes rapazes do norte voltariam para tocar a sua música simples e tão característica.

2 comentários:

Daniela disse...

=]

Daniela Quintela disse...

Homens q fazem parte do meu mp3 x) !!!!!! =]*