segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscars escolhem Bigelow



Numa cerimónia bem mais monótona e desorganizada que o habitual, The Hurt Locker (Estado de Guerra) é o vencedor da noite, ganhando seis Oscars e tornando Kathryn Bigelow na primeira mulher a receber o galardão por Melhor Realização em todos os 82 anos de existência do evento. Hurt Locker arrecadou ainda os Oscars de Melhor Filme, Melhor Argumento Original, Melhor Edição de Som, Melhor Montagem de Som e Melhor Montagem. Deste modo, Avatar de James Cameron, recorde de bilheteiras e orçamento que era o favorito, apenas foi premiado com três Oscars nas categorias técnicas Melhores Efeitos Visuais, Melhor Cinematografia e Melhor Direcção Artística (sendo até suplantado por Star Trek na Melhor Caracterização). Os outros grandes vencedores terão sido Precious de Lee Daniels, que vence com Geoffrey Fletcher o Melhor Argumento adaptado e com Mo'Nique a Melhor Actriz Secundária; Up - Altamente, vencedor do prémio de Melhor Filme Animação e Melhor Banda Sonora e Crazy Heart, que recebe assim o Oscar de Melhor Actor, acredita-se, pela carreira de Jeff Bridges (o filme não o justifica) e a Melhor Canção Original.cSandra Bullock soma a proeza de receber simultaneamente o Oscar por Melhor Actriz e o Razzie por Pior Actriz.

The Cove (A Baía da Vergonha) ganha como era esperado o Melhor Documentário e The Young Victoria o Melhor Guarda-roupa. A surpresa da noite foi sem dúvida a derrota de O Laço Branco e O Profeta no Melhor Filme Estrangeiro pela película argentina El Secreto de Sus Ojos e da nova curta de animação de Wallace & Gromit por Logorama. Quanto à Melhor Curta de Ficção e Melhor Curta Documental, terão sido atribuídas a The New Tennants e Music By Prudence respectivamente.

A verdade é que The Hurt Locker é um bom filme, talvez não tão bom como outros nomeados, mas sim revelador de um regresso fiel aos princípios da Academia, em que se premeiam filmes de baixo orçamento e cinema semi-independente, com um argumento sólido e bons actores. A verdade é que se Avatar ganhasse, teríamos que impor uma pergunta: "De que é feito um bom filme filme?". De um bom argumento e actores? É que Avatar não esteve noemado para estas categorias. Seria justificável dar o galardão a um filme de avanços tecnológicos, que será brevemente ultrapassado?
Aidna assim, talvez pelo menos o Argumento Original e o Melhor Filme devessem ter sido entregues a Inglorious Basterds, ensaio distorcido de uma versão alternativa da II Guerra Mundial por Quentin Tarantino, talvez a mais original das películas nomeadas, em que uma aliança entre a boa história, os bons actores, a originalidade suprema, a banda sonora, o guarda-roupa e a imagem em si tornam o realizador alvo de um Oscar que seria merecido.
Quanto ao Melhor Actor, a Academia continua a pecar, premiando actores por carreiras. No caso de Jeff Bridges, o reconhecimento demorou 40 anos. Assim, Colin Firth perde a oportunidade de brilhar pelo seu espectacular desempenho em A Single Man, inexplicavelmente não nomeado para Melhor Filme. Com certeza faria melhor figura que District 9, The Blind Side ou Avatar.

1 comentário:

Catarina Rodrigues disse...

Sim, Tarantino (Inglourious Bastards) merecia mais. Colin Firth e Gabourey Sidibe também mereciam ver o seu trabalho premiado.