segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dalí, Disney e Figueres



Destino conta-nos nos seus sete minutos a história do encontro impossível entre uma bailarina e um atleta, dissolvida na passagem do tempo representada por Cronos. Sendo inspirada numa canção mexicana composta por Armando Dominguez, a curta metragem é já muito falada desde 2003, altura em que Dominique Monfrey passou para a tela o projecto de Walt Disney e Salvador Dalí, pensado há já algumas décadas. Para quem não sabe e nem cabe em si de espantro, Dalí chegou a assinar um contrato e trabalhar durante cerca de dois meses nos Estúdios Disney em Hollywoowd. Este projecto simplesmente não foi concretizado por falta de financiamento e situação de guerra, que impediram o espanhol de permanecer em território americano. Segundo uma iniciativa de Roy Disney, o filme foi divulgado desde então e surge-nos agora como parte integrante de uma exposição no Teatro-Museu de Figueres (Catalunha), de onde o artista era natural. Esta detém apenas 27 peças: quinze desenhos preparatórios (dez inéditos até então) seus para a curta-metragem a realizar com o mestre da fantasia americano, nove fotografias que mostram o encontro de ambos criadores e respectivas mulheres (em Los Angeles e Portligat, onde Dalí morava) e ainda algumas pinturas a óleo e aguarela.

Esta mostra, a decorrer até Maio do próximo ano, é organizada pela Fundação Gala-Salvador Dalí e pode dizer-se ser uma versão especial daquela que, sob a designação Dalí, Pinturas e Filmes, passou por Londres, Nova Iorque, Los Angeles, Melbourne, Madrid, Barcelona e Istambul. Vi Destino pela primeira na Tate Modern em Londres, não sonhando sequer que esta colabroação tinha existido. Unindo dois mestres surrealistas separados por um oceano, esta é daquelas peças fascinantes, em que um toque Disney consegue aumentar o poder catártico da sua intenção.