domingo, 20 de julho de 2008

The National - Guimarães: Epílogo

Por uns considerado o melhor espectáculo da banda em território lusitano, por outros ficando ligeiramente atrás do concerto de Maio na Aula Magna, a opinião que tenho é simples e concisa: único. O facto de se tratar de um jardim pequenino setecentista numa cidade centenária, numa noite quente de lua cheia e junto a um centro artístico contemporâneo, assentou que nem uma luva ao espírito intimista dos senhores indie residentes em Brooklyn. Uma coisa é certa, nenhum concerto da banda em Portugal até hoje teve um espectáculo de luzes tão bom como este que estava integrado no Festival Manta. Os efeitos adequavam-se que nem uma luva às músicas, apresentando as mais calmas e românticas tons de roxo e rosa, as obsessivas amarelo, as revoltosas vermelho, assim como as que dizem respeito ao álcool, as mais calmas verde e as catársicas azul. A luz branca em holofotes era usada principalmente em momentos mais rítmicos e explosivos, como enfoque e destaque. Como sempre, o som foi primoroso, a precisão instrumental equiparou-se à fenomenal voz e sentimento do vocalista Matt berninger, que como sempre, brilhou na luz cintilante como se de uma faca se tratasse, disposta a ferir o espectador por forma a este se aperceber da crueldade do mundo normal. Com a presença constante e habitual do fantástico violinista/teclista Padma Newsome e da secção de sopros, o concerto excedeu os limites da sensibilidade pensável, inebriando o público num embalo simultaneamente terno e cru. O vinho de qualidade ajudou o modestoe tímido Matt a soltar-se e demonstrar o afecto que sentia pelos fãs. Houve inclusivamente alturas em que a multidão cantarolava refrões de músicas não incluídas no alinhamento, como "Friend Of Mine" ou "Karen", ficando a banda muda e emocionada, referindo Aaron Dessner apenas "You sing it better than we do". Os National aproximaram-se várias vezes do público, numa das quais chamo ua atenção para o facto de ser noite de Lua Cheia e de o local ser aconchegante e muito bonito dado que tinham estado em festivais na tour que eram de facto "feios". Bryan Devendorf destacou-se como sempre na bateria, a par do irmão Scott que rolava no baixo, por vezes trocando pela guitarra com Aaron. Bryce, o gémeo de Aaron, atacava furiosamente a guitarra e suavemente o teclado, revelando profissionalismo e devoção. Obviamente Padma Newsome causou como sempre o espanto. Do alinhamento de 20 músicas fizeram parte todas as de Boxer, excluindo "Guest Room" e "Gospel". Voltaram a Alligator com "All The Wine", "Abel", "Secret Meeting", "Baby We'll Be Fine", "Daughters of the Soho Riots", "The Geese of Beverly Road", terminando com a estrondosa "Mr. November". "About Today", do EP Cherry Tree, foi para mim o melhor momento da noite, há algo de mítico/ístico escondido na simplicidade da música, o final é brilhante, autenticamente piscando o olho ao post-rock. Nesta noite, até faixas do antigo Sad Songs for Dirty Lovers como "Lucky You" ou "Murder Me Rachel" doram tocadas. No final do concerto, a setlist foi gentilmente oferecida, tal como as baquetas e palhetas. Aaron, Bryce e Scott desceram até ao jardim para dar autógrafos, tirar fotografias e beber com os espectadores.

About Today

3 comentários:

lia disse...

Foi perfeito.

Berta disse...

foi uma noite fantástica!:)
e o melhor momento foi quando tocaram o about today... :)
belas as vozes interiores que estes senhores têm!
:)

Unknown disse...

Foi um dos grandes concertos da minha vida!! "Squalor Victoria" foi para mim o grande momento da noite! E consegui converter uma nova fã à causa... Juanita :)