segunda-feira, 29 de março de 2010

Saudade, o nome é merecido


Há algum tempo que ansiava por ir à casa de chá Saudade. As últimas visitas a Sintra nunca tinham sido sozinho e a verdade é que por algum motivo nunca consegui ir a esta maravilha junto à estação, fosse por falta de tempo para apanhar o comboio ou por outro motivo qualquer.
Bem, desta vez lá estava...só eu após um intenso dia deambulatório pela vila e da descoberta dos seus segredos mais recatados. Ainda me deti alguns minutos na fachada recuperada da antiga fábrica de queijadas Matilde, onde elegantemente repousavam em fitas de relevo as palavras SAUDADE, VIDA e ARTE. Entrei e o ambiente tinha tanto de estranho como de reconfortante. Os dignos tectos também em relevo eram cobertura para um dos salões mais originais e ao mesmo tempo característicos (pelo menos na nossa mente, quando pensamos em casas de chá) dos quais o meu olhar já fez colecção. As cadeiras e mesas em madeira, a meia luz, o chão em azulejo, as exposições de objectos artesanais, loiças e ofícios tipicamente portugueses, as palavras da entrada repetidas subtilmente em vários locais, os espelhos em ferro, enfim,podia continuar a numerar, mas a descrição nunca iria fazer justiça à imagem e sensação. É que diga-se, como se isto não chegasse por si, ainda tem uma grande colectânea de doçaria caseira e regional como bolos de maçã e noz, mel, tortas de laranja, semi-frios dos mais variados frutos silvestres, queijadas, assim como chás de diferentes ervas do campo. Como seria de esperar, há música ou vivo, mas só jazz, fado e música antiga. O serviço é óptimo e apenas uma palavra reina sobre todas as outras à medida que o tempo se arrasta na observação dos viajantes, que tal como eu, se perderam pelas ruelas e pátios da vila: casa. Afinal de contas, não é daquilo que mais sentimos saudade?

1 comentário:

Catarina Rodrigues disse...

Espero que da próxima vez não estejas sozinho e tenhas a minha companhia, para matarmos saudades.**