domingo, 30 de janeiro de 2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
Auf Wiedersehen * Maxime * Goodbye
É com pesar que anuncio o programa da festa de encerramento do Cabaret Maxime, a emblemática sala de burlesco lisboeta.
«A vida é como os interruptores, que ora estão para cima, ora estão para baixo…». Hoje, o interruptor da casa gerida por João Manuel Vieira e companhia desliga-se. Na origem deste fecho está um processo litigioso entre a gerência da casa e a gestora do imóvel relacionado com o licenciamento de obras no edifício datadas dos anos 60 e 70.
"Não nos resta outra alternativa que não encerrar até que apareça outra alternativa", disse ao Público Manuel João Vieira, que afirma também que reabrir o Maxime não está fora de questão mas os sócios do cabaret preferem não especular sobre o assunto.
Lembrem-se os leitores que a Praça da Alegria perdeu também há pouco tempo o Hot Clube, mítica sala de Jazz. Duas perdas em tão pouco tempo no mesmo sítio não são nada agradáveis. A histórica sala do Maxime foi palco dos mais variados espectáculos, negócios e reuniões, esperemos que volte a ser usada brevemente.
«A vida é como os interruptores, que ora estão para cima, ora estão para baixo…». Hoje, o interruptor da casa gerida por João Manuel Vieira e companhia desliga-se. Na origem deste fecho está um processo litigioso entre a gerência da casa e a gestora do imóvel relacionado com o licenciamento de obras no edifício datadas dos anos 60 e 70.
"Não nos resta outra alternativa que não encerrar até que apareça outra alternativa", disse ao Público Manuel João Vieira, que afirma também que reabrir o Maxime não está fora de questão mas os sócios do cabaret preferem não especular sobre o assunto.
Lembrem-se os leitores que a Praça da Alegria perdeu também há pouco tempo o Hot Clube, mítica sala de Jazz. Duas perdas em tão pouco tempo no mesmo sítio não são nada agradáveis. A histórica sala do Maxime foi palco dos mais variados espectáculos, negócios e reuniões, esperemos que volte a ser usada brevemente.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
domingo, 23 de janeiro de 2011
2011 - Ano Gainsbourg
A 2 de Março de 1991, morre Serge Gainsbourg. 20 anos depois da sua morte e um depois depois do biopic de Joann Sfar, a Universal prepara uma comemoração em grande, a par da declaração de 2011 como O Ano Gainsbourg em França. Assim, será editada uma box de 20 CDs, 17 com toda a obra em nome próprio e 2 com a música que compôs para cinema e uma compilação a partir de arquivos rádio, em conjunto com a biografia ilustrada e um portfolio de 25 fotos e manuscritos. Haverá outra caixa (de DVD) intitulada "D'Autres Nauvelles Des Étoiles", que inclui 4h30 de concertos, entrevistas ou documentários. Numa dose mais comedida, estará disponível uma colectânea em CD e vinil duplo, "Comme Un Boomerang". Ao mesmo tempo, será feita a reedição em vinil dos seus quatro primeiros álbuns, quando Serge era ainda um jovem sedutor - Du Chant à La Une, Nº2, L'Étonnant Serge Gainsbourg e Nº4. Para finalizar, é ainda editada uma colecção de 45 canções compostas por Serge para Jane Birkin, Anna Karina, Marianne Faithfull, Brigitte Bardot ou Juliette Gréco.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Museu Calouste Gulbenkiané melhor pequeno museu
Michael Tulipan destacou no site de viagens norte-americano The Savvy Explorer o Museu da Fundação Calouste Gulbenkian como um dos sete melhores pequenos museus do mundo. Para Tulipan, o museu português proporciona ao visitante uma viagem pela história mundial da cultura humana, através das 6000 obras que integram o seu acervo..
Os outros museus que constam da lista são Kunsthaus (Zurique, Suíça), Musée de l'Orangerie (Paris, França), Peggy Guggenheim Collection (Veneza, Itália), The Clark (Massachusetts, E.U.A.), The Frick Collection (Nova Iorque, E.U.A.) e o Phoenix Museum of Art (Arizona, E.U.A.).
O site referido acima edita guias turísticos com sugestões dos melhores restaurantes, hotéis e locais para visitar sem gastar muito dinheiro e usufruir ao máximo. Neste momento está a ser preparado um guia sobre Lisboa.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Golden Globe Awards: Vencedores
Cinema
Melhor Filme (drama)
A Rede Social’
Melhor Filme (musical ou comédia)
‘Os Miúdos Estão Bem’
Melhor Realizador
David Fincher (‘A Rede Social’)
Melhor Actor (drama)
Colin Firth (‘The King’s Speech’)
Melhor Actriz (drama)
Natalie Portman (‘Cisne Negro’)
Melhor Actor (musical ou comédia)
‘Barney’s Version’)
Melhor Actriz (musical ou comédia)
Anette Benning (‘Os Miúdos Estão Bem’)
Melhor Actor Secundário
Christian Bale (‘The Fighter’)
Melhor Actriz Secundária
Melissa Leo (‘The Fighter’)
Melhor Filme de Animação
‘Toy Story 3’
Melhor Argumento
Aaron Sorkin (‘A Rede Social’)
Melhor Canção Original
‘You Haven’t Seen The Last Of Me’ (‘Burlesque’)
Melhor Banda Sonora Original
Trent Reznor e Atticus Ross (‘A Rede Social’)
Televisão
Melhor Série (drama)
‘Boardwalk Empire’
Melhor Série (musical ou comédia)
‘Glee’
Melhor mini-Série ou Telefilme:
‘Carlos’
Melhor Actor (drama)
Steve Buscemi (‘Boardwalk Empire’)
Melhor Actor (musical ou comédia)
Jim Parsons (‘The Big Bang Theory’)
Melhor Actor (mini-série ou telefilme)
Al Pacino (‘You Don’t Know Jack’)
Melhor Actor Secundário
Chris Colfer (‘Glee’)
Melhor Actriz
Katey Sagal (‘Sons Of Anarchy’)
Melhor Actriz (musical ou comédia)
Laura Linney (‘The Big C’)
Melhor Actriz (mini-série ou telefilme)
Claire Danes (‘Temple Grandin’)
Melhor Actriz Secundária
Jane Lynch (‘Glee’)
sábado, 15 de janeiro de 2011
Por Manhattan - Smalls Jazz Club
Todos os miúdos irritantes têm um sonho que em nada está relacionado com a sua idade. Um dos meus era ir a Nova Iorque passar a noite num escuro clube de jazz, onde solitários e acompanhados enveredavam pelo serão até madrugada para ouvir as mais recentes vibrações de música improvisada e galopante. Este sonho não apodreceu e na visita à Big Apple, lá saímos para perto da meia-noite (e alguns desnorteios depois) encontrar o Smalls Jazz Club em West Village. A entrada é discreta, menos não se esperaria da cave mais badalada do bairro. Desde que abriu que o Smalls contraria a tendência dos seus concorrentes: em vez de se dirigir para a 2ª idade, aproveita para conquistar também a juventude eclética de Manhattan. Como? Trazendo os mais distintos tipos de músicos e estilos de jazz. Desde a bossa até ao spoken word, dos negros de 18 anos do Harlem até aos grupos mais conceituados do país no momento, este espaço de maravilhas não podia ser mais apelativo a todas as gerações. Foi tudo como sempre imaginei, um sujeito bem vestido sentado numa cadeira à porta do estabelecimento com uma caixa quadrada de lata onde guardava todos os $40 que lhe haviam sido entregues naquela noite. Quando atravessei a porta e comecei a descer as escadas, fui inundado pelo som de saxofones e do piano, no qual se insinuava o burburinho da assistência e o chocalar dos copos; o perfume das elegantes senhoras misturava-se com o cheiro doce dos licores e cocktails. Era uma das últimas noites amenas do ano, mas mesmo que não fosse o Smalls estaria cheio e sem faltar à premissa...isto porque não só de homens engravatados e mulheres com vestidos comprados na Madison Av. o público era composto. Jovens betos, jovens menos betos e jovens nada betos sentavam-se nas cadeiras, filhos educados assistiam com alegria ao concerto e conversas dos pais, pares românticos, trintões solitários, grupos de amigos com fato de trabalho, e assim continuaria a lista. O que me surpreendeu foi nada disto ser "uma salganhada". O espaço conseguia que diferentes pessoas se reunissem de uma forma mais natural que estranha, dando asas a um conforto e hospitalidade que em tudo se traduzia nas diferentes cadeiras de escritório que preenchiam a sala. Para além deste apontamento interessante, era preenchida por espelhos que permitiam ver os diversos ângulos dos músicos e os seus instrumentos (método bem mais eficaz que monitores de LCD), sofás, livros e molduras - muitas molduras -, um bar bem recheado, luzes bem laranja e fracas para criar o aconchegante ambiente. A empregada, muito jovem (teria mais de 18 anos?) tratou do simpático acolhimento e a sua atenção para com os clientes ao longo da noite quebrou quaisquer barreiras de impessoalidade que poderiam estar criadas, mesmo até para aqueles que se aventuraram sem companhia.
Assisti a dois concertos, um dado por um grupo de Upper East Side e outro por dois jovens negros da minha idade, que fizeram um jam até o sol nascer. Quando penso na afemeridade deste momento, questiono-me sobre as várias formas como podia voltar, mas nunca seria o mesmo. O primeiro impacto sobre o sonho de um miúdo fê-lo tomar consciência de que, embora num contexto onde a juventude era mais que bem-vinda, tinha crescido. E da melhor maneira.
183 West 10th street
New York City, N.Y. 10014
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Robert De Niro presidente em Cannes
Na 63ª edição do Festival de Cannes tivemos a honrosa presidência do júri a cargo de Tim Burton. Um ano depois é Robert De Niro o convidado para o posto. Lembremo-nos que De Niro fez parte do elenco de dois filmes já premiados com a Palma de Ouro do festival, Taxi Driver e A Missão.
Classificando-o de "um dos melhores e mais antigos do mundo", o actor agradece e fica satisfeito com a oportunidade.
A 64ª edição do Festival de Cinema de Cannes decorre entre os dias 11 e 22 de Maio
Classificando-o de "um dos melhores e mais antigos do mundo", o actor agradece e fica satisfeito com a oportunidade.
A 64ª edição do Festival de Cinema de Cannes decorre entre os dias 11 e 22 de Maio
domingo, 9 de janeiro de 2011
Dentro de uma orquestra
Re-Rite é o nome pouco vulgar da experiência pouco vulgar que hoje chega ao MUDE. Falamos de uma instalação multimédia audiovisual no piso nunca aberto ao público do museu, que mostra a Philharmonia Orchestra de Londres a interpretar "A Sagração da Primavera" do compositor russo Igor Stravinsky. Os músicos foram filmados por 29 câmaras e o som captado com um microfone por cada singular secção da orquestra. Os vídeos serão então projectados em telas, lençóis e paredes nuas do espaço em tamanho superior ao real e em cada sala pode ser experienciado um músico ou uma secção em particular. Isto quer dizer essencialmente que podemos acompanhar o percurso do músico/grupo de músicos mesmo até quando não têm partitura em determinada parte, dando uma noção completa ao público de como funcionam as orquestras. É também dada aos visitantes a oportunidade de acompanhar a secção de percussão ao vivo, podendo experimentar bombos e tambores, enquanto os músicos são projectados. Ainda excitante é a perspectiva dada numa sala em que estará disposto um vídeo filmado a partir de uma câmara colocada na cabeça de um violinista, que permite a veriicar a sensação de confusão e adrenalina que é estar no meio de uma orquestra.
Esta espécie de instalação-exposição-concerto é o resultado de uma colaboração com a Gulbenkian, que já garantiu ser uma das maiores apostas da temporada de música da Gulbenkian para 2010/2011.
Até dia 23 de Janeiro é possível ter esta experiência. Para os mais cépticos, há sempre oportunidade para ver a orquestra ao vivo na Gulbenkian na próxima terça-feira dia 11 ou no Colsieu dos Recreios na quinta-feira. Se bem que, como afirma o maestro Esa-Pekka Salonen "Olhamos para uma orquestra e tomamos por garantido que eles estão ali e o que vão fazer mas não sabemos como é que ela funciona realmente por dentro, como é o motor da máquina".
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
sábado, 1 de janeiro de 2011
3 cinemas diferentes
Cela 211
De vez em quando surge um daqueles filmes de acção que nos obriga a pô-lo na mesma fasquia do género dramático. Engenho, choque e suspense compõem o trio de palavras que mais caracteriza Cela 211, o filme do espanhol Daniel Monzón que este ano "arrecadou" oito prémios Goya.
Imagine-se um jovem com namorada grávida que em breve trabalhará como guarda prisional. Imagine-se uma visita deste jovem ao estabelecimento no dia anterior para perceber o seu funcionamento. E imagine-se uma revolta dos prisioneiros, na qual ele é apanhado e forçado a fingir-se um deles. Na verdade a última parte é o veículo de toda a película, já que foi responsabilidade da suma astúcia de Juan Oliver (o jovem), que durante a revolta se vê desmaiado e colocado numa cela. Malamadre, o temido líder do motim, vê-se então confrontado com um corajoso e resistente prisioneiro que a pouco e pouco o persuade e inclina à sua vontade, caindo de tal modo nas suas graças que o protege e aclama como braço direito. Acompanhamos Juan "Calzones" numa luta com as suas emoções e os desconfiados discípulos de Malamadre, ignorando o que se passa lá fora e como se encontra a sua mulher. Tentando negociar, a polícia debate-se ela própria com questões éticas, sócio-económicas e legais.
Cela 211 alimenta-se do terror psicológico e claustrofóbico. Os espanhóis parecem bons nisto, e também no humor, está claro.
O Americano
Anton Corbjin saltou das câmaras fotográficas para as cinematográficas em 2007 com o biopic sobre Ian Curtis, Control. Antes que se especulasse se o filme iria ser a preto e branco como o antecessor, Corbjin esclareceu que iria ser a cores e que a sua estrela iria ser George Clooney. Desenganem-se aqueles que estão à espera de um filme de acção à moda de Hollywood, O Americano insinua-se entre o thriller noir, o suspense e o entourage.
Jack é um espião no final de carreira, mas é quando um trabalho corre mal na Suécia que decide fazer o último dos seus trabalhos. Refugiando-se em Castelvecchio - uma aldeia no interior italiano - Jack constrói uma arma para Mathilde, uma misteriosa espia belga que de súbito surge no seu caminho como última cliente. A solidão e escuridão da aldeia consomem o americano de dia para dia, ao mesmo tempo que o padre da aldeia tenta conhecer os seus tenebrosos segredos. Jack procura consolo e companhia num bordel, onde conhece e se apaixona por Clara. O filme cria precisamente um ambiente de desconfiança entre todos os seus peões, de tal modo que acompanhamos a paranóia de Jack. Os pequenos pormenores que vão permitindo ao espectador construir o puzzle são apresentados em inteligentes sequências e o ambiente claustrofóbico e impessoal é criado em locais escolhidos a dedo, seja a floresta, a calçada da aldeia, a tasca, a casa do padre ou até o bordel.
Para segundo filme, este O Americano está sem dúvida à altura.
Os Miúdos Estão Bem
Um filme de comédia com um leque de bons actores tem sempre duas vias: se o argumento e produção forem bons dá bom resultado, se não, não vale a pena tentar salvá-lo com os bons talentos. A promessa da junção de Annete Bening, Mark Ruffalo e Julianne Moore é só por si indutora de elevada expectativa, mas Lisa Cholodenko não fica por aqui...Os Miúdos Estão Bem usa um trunfo também já utilizado em filmes como A Single Man de Tom Ford, a mostra de uma história de homossexualidade, mas não sobre homossexualidade. O que quer isto dizer? O argumento centra-se num casal lésbico sem contudo fazer disso um tabu, desenvolvendo-se sem condenar a relação a um estatuto de subterfúgio, pena ou heroísmo. Nic e Jules são então apresentadas como um qualquer casal semelhante a todos os outros, possuindo dois filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser, obtidos através de um banco de esperma. Antes de Joni entrar na universidade, Laser pressiona-a para contactar o pai biológico, que de súbito entra nas suas vidas e colide com os valores familiares até então impostos pelas mães. O pai é quarentão e solteiro, possuindo um restaurante e produção agrícolas próprios, vivendo de um modo bem mais descontraído que por exemplo Nic, uma médica de carreira bem avançada e de família construída.
Atentando na instabilidade familiar, nas paixões e aventuras cruzadas, nas dúvidas de meia-idade e no significado de união, a película é uma agradável comédia meio-indie meio-comercial, que pela sua artificialidade e despropósito acaba por questionar questões bem pertinentes do dia-a-dia do século XXI.
AH, e Wasikowska será certamente uma grande actriz.
De vez em quando surge um daqueles filmes de acção que nos obriga a pô-lo na mesma fasquia do género dramático. Engenho, choque e suspense compõem o trio de palavras que mais caracteriza Cela 211, o filme do espanhol Daniel Monzón que este ano "arrecadou" oito prémios Goya.
Imagine-se um jovem com namorada grávida que em breve trabalhará como guarda prisional. Imagine-se uma visita deste jovem ao estabelecimento no dia anterior para perceber o seu funcionamento. E imagine-se uma revolta dos prisioneiros, na qual ele é apanhado e forçado a fingir-se um deles. Na verdade a última parte é o veículo de toda a película, já que foi responsabilidade da suma astúcia de Juan Oliver (o jovem), que durante a revolta se vê desmaiado e colocado numa cela. Malamadre, o temido líder do motim, vê-se então confrontado com um corajoso e resistente prisioneiro que a pouco e pouco o persuade e inclina à sua vontade, caindo de tal modo nas suas graças que o protege e aclama como braço direito. Acompanhamos Juan "Calzones" numa luta com as suas emoções e os desconfiados discípulos de Malamadre, ignorando o que se passa lá fora e como se encontra a sua mulher. Tentando negociar, a polícia debate-se ela própria com questões éticas, sócio-económicas e legais.
Cela 211 alimenta-se do terror psicológico e claustrofóbico. Os espanhóis parecem bons nisto, e também no humor, está claro.
O Americano
Anton Corbjin saltou das câmaras fotográficas para as cinematográficas em 2007 com o biopic sobre Ian Curtis, Control. Antes que se especulasse se o filme iria ser a preto e branco como o antecessor, Corbjin esclareceu que iria ser a cores e que a sua estrela iria ser George Clooney. Desenganem-se aqueles que estão à espera de um filme de acção à moda de Hollywood, O Americano insinua-se entre o thriller noir, o suspense e o entourage.
Jack é um espião no final de carreira, mas é quando um trabalho corre mal na Suécia que decide fazer o último dos seus trabalhos. Refugiando-se em Castelvecchio - uma aldeia no interior italiano - Jack constrói uma arma para Mathilde, uma misteriosa espia belga que de súbito surge no seu caminho como última cliente. A solidão e escuridão da aldeia consomem o americano de dia para dia, ao mesmo tempo que o padre da aldeia tenta conhecer os seus tenebrosos segredos. Jack procura consolo e companhia num bordel, onde conhece e se apaixona por Clara. O filme cria precisamente um ambiente de desconfiança entre todos os seus peões, de tal modo que acompanhamos a paranóia de Jack. Os pequenos pormenores que vão permitindo ao espectador construir o puzzle são apresentados em inteligentes sequências e o ambiente claustrofóbico e impessoal é criado em locais escolhidos a dedo, seja a floresta, a calçada da aldeia, a tasca, a casa do padre ou até o bordel.
Para segundo filme, este O Americano está sem dúvida à altura.
Os Miúdos Estão Bem
Um filme de comédia com um leque de bons actores tem sempre duas vias: se o argumento e produção forem bons dá bom resultado, se não, não vale a pena tentar salvá-lo com os bons talentos. A promessa da junção de Annete Bening, Mark Ruffalo e Julianne Moore é só por si indutora de elevada expectativa, mas Lisa Cholodenko não fica por aqui...Os Miúdos Estão Bem usa um trunfo também já utilizado em filmes como A Single Man de Tom Ford, a mostra de uma história de homossexualidade, mas não sobre homossexualidade. O que quer isto dizer? O argumento centra-se num casal lésbico sem contudo fazer disso um tabu, desenvolvendo-se sem condenar a relação a um estatuto de subterfúgio, pena ou heroísmo. Nic e Jules são então apresentadas como um qualquer casal semelhante a todos os outros, possuindo dois filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser, obtidos através de um banco de esperma. Antes de Joni entrar na universidade, Laser pressiona-a para contactar o pai biológico, que de súbito entra nas suas vidas e colide com os valores familiares até então impostos pelas mães. O pai é quarentão e solteiro, possuindo um restaurante e produção agrícolas próprios, vivendo de um modo bem mais descontraído que por exemplo Nic, uma médica de carreira bem avançada e de família construída.
Atentando na instabilidade familiar, nas paixões e aventuras cruzadas, nas dúvidas de meia-idade e no significado de união, a película é uma agradável comédia meio-indie meio-comercial, que pela sua artificialidade e despropósito acaba por questionar questões bem pertinentes do dia-a-dia do século XXI.
AH, e Wasikowska será certamente uma grande actriz.
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